domingo, 19 de março de 2023

Criânsia


Era um poeta malino
Brincando de poesia
Aos olhares da mãe.

Um moleque rimado
Feliz em cada verso
Corria sem desfecho.

Voltava pra sua casa
Com sonhos escritos
E mãos sujas de arte.

Então pintava o sete
Colorindo seu sorriso
No decorrer do lápis.

Desenhou tais mundos
Apanhou das palavras
Até ser café com leite.

Foi pique-esconde(-se)
Do mundo de broncas
Castigado por adultos.

Amadureceu a danura
Morreu de infanticídio
Pois crescer não é val.

quinta-feira, 9 de março de 2023

O meu amor é pouco


O meu amor é pouco
E mal cabe noutro ser.

O meu amor é pouco
Porque me calo nele.

O meu amor é pouco
Ao chorar por dentro.

O meu amor é pouco
Quando insisto na dor.

O meu amor é pouco
Por esforçar tal fraqueza.

O meu amor é pouco
Sem admitir em mim.

O meu amor é pouco
Ao meu ver tão cego.

O meu amor é pouco
Que não vale tão-nada.

O meu amor é pouco
E destinado a ninguém.

O meu amor é pouco
Ao ponto que cansa.

O meu amor é pouco
Tornando-me fracassado.

O meu amor é pouco
Em versos repetidos.

O meu amor é pouco
Neste grito já eterno.

O meu amor é pouco
Pelas tentativas e fins.

O meu amor é pouco
Ao morrer o que tenho.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Quanto poemas ainda tenho em mim?


Quantos
Poemas
Ainda
Tenho
Em
Mim?

Se
Sobra
Tal
Verso
A
Ser
Morto?

Uma
Existência
Quase
Efêmera,
Que
Surge
Na
Falta
Eterna.

Do
Poeta
Pseudo-
Humano,
Na
Busca
Errada
Desta
Vida
Breve.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Por trás do cárcere

 


De olhos em outros
Há vida nesse raso.
Com muros livres
Quem pula o altar?
Tampouco é muito
Para quem desanda
Toda lenta história
Que acaba ao sorrir.

Pra quem vale toda saudade...



O amor vive nos detalhes
E em cada dia construído,
Como se cada um de nós
Fosse um pedacinho lento
Mas que refaz tudo eterno.

O beijo que sempre espera
Aquela pessoa tão estrelada,
Brilha sob o sono tranquilo
E afugenta os medos bobos
De quem destina seu melhor
Em toda simplicidade de ser.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Poesia de Anti-ontem



Já lutei tanto em mim
Cada quebra-cabeça
De peça e prece a sós.

Só hoje então subscrevo
Esse passado dito morno,
Sob o sangue-terra afinco
Que há de comer por medo
Meus passos e seus pesos.

E assim, sigo tal leveza em choro
Limpando todo cascalho pela pele
Para ode dos viventes à prévia morte.

quarta-feira, 18 de março de 2020

E se foi-ce você?


E se foice você
Como um corte
Ou outra sorte
Que a vida rasga
Esta alma gasta
De tanto morrer
No próximo ser.

Meus pés inchados
Chatos, de tanto ir
Sem lugar de volta
Esquecendo a hora
Que um dia irá partir
Em mim ainda fraco.

E se foice você?
Lâmina na carne
Dois gumes e só
Para sarar teu nó
Em nós em partes
Talhadas pra ver.

Sangue pelo chão
Teu rosto na mão
De quem já foice
Partida e afiada
Dor estancada
Tanta mesmice.